terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Gore na Antárctida

Soube-se há cerca de duas semanas que o profeta Gore iria visitar a Antárctida, na presença dos seus apóstolos seguidores. Os padres e aprendizes também vão...

É neste contexto que se fazem outras expedições, como as dos jornalistas alarmistas do Público, que relatam a pouca vergonha da investigação nacional que se faz neste domínio, e que nenhuma vantagem traz para o nosso País, para além de permitir umas espectaculares férias a uns quantos "cientistas"! Vejam o seguinte exemplo:

Por outro lado, o voo foi aberto a investigadores de outros países, que podem usá-lo nos seus trânsitos, o que foi possível devido ao financiamento de quase cem mil euros da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) destinado ao aluguer do avião.

É fácil perceber o que Al Gore vai fazer. Na Antarctida nem tudo é gelado, como se pode ver pelo exemplo da ilha de Deception, onde se podem tomar uns banhos de sauna... Basta ele enquadrar uma paisagem sem neve para logo um Planeta estúpido ficar aflito!

A realidade da Antárctida é contudo muito diferente, como este relato de uma expedição australiana confirma. E os próprios cientistas confirmam que não há aquecimentos para aqueles lados... A visualização da extensão de gelo confirma que está bem acima da média, e pior, que tem estado a subir ao longo das últimas décadas! Enfim, vamos ver se não haverá uma re-edição da história do MS Explorer. Por enquanto, fiquem com uma lista de alguns dos 116 religiosos que se sabe irem a bordo:








segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Climate4you

De vez em quando tropeço em sites verdadeiramente fabulosos. Via Watts Up With That, segui um link para o Climate4you. O site regista informação, essencialmente em gráficos, que cobrem vários dos dados meteorológicos e climáticos. Para além disso, reforça com uma componente histórica, uma vertente muito do agrado do Ecotretas. O site também parece isento, dado que não transmite uma posição alarmista. Afinal, transmite uma mensagem clara, que é a dada pelos números. Como a do gráfico que exemplifico ao lado, que descreve a variação anual do nível médio do mar. Para onde é que ele se dirige? Para baixo, claro!

domingo, 29 de janeiro de 2012

Blog do Ano - Natureza

Há uma semana havia convidado os leitores a votarem no Ecotretas para o Blogs do Ano 2011. Hoje, sairam os resultados finais, e sem surpresa, para quem acompanhou a votação ao longo da semana, o Ecotretas ganhou na categoria Natureza.

Em primeiro lugar, quero louvar a iniciativa do Aventar.eu. Organizar este concurso é uma tarefa que dá mesmo muito trabalho, e a sua opção pelo polldaddy.com revela um conhecimento muito adequado desta temática da votação electrónica. É claro que algumas queixas se levantaram, perfeitamente normais nestas circunstâncias. São inciativas como estas que efectivamente contribuem para dinamizar os conteúdos em Português, e dar a conhecer muitos blogs. No meu caso isso não foi muito notório, dada a grande exposição que o blog já atinge, mas o certo é que eu próprio descobri muitos outros blogs muito interessantes, e que vou passar a seguir!

Em segundo lugar, quero elogiar os outros sites a concurso, na categoria Natureza. Em particular, ao Armindo Tavares, do Canários Arlequim Português, que demonstrou muito fair-play!

Finalmente, o mais importante! Quero agradecer a todos os leitores que votaram em mim. Eu era um dos blogs mais desfavorecidos nesta votação: não podia pedir aos meus amigos que votassem em mim! Mas podia pedir aos meus leitores: foi isso que fiz no blog e por email. Dois leitores foram particularmente importantes; não os vou aqui referir explicitamente, mas eles sabem quem são, até porque vou agradecer pessoalmente! Mas todos responderam de forma muito significativa!

O Ecotretas vai continuar a tentar corresponder a esta onda verde, de esperança, que procura um Mundo ecologicamente mais são, mas livre destes ecologistas da treta, que nos chateiam todos os dias. Continuaremos a expor os disparates que se dizem e fazem à volta da Ecologia. Nos próximos dias agradecerei de uma forma muito peculiar toda esta V/ dedicação. O meu muito obrigado!

sábado, 28 de janeiro de 2012

A cartografia antes de Melgueiro

Após um artigo inicial sobre David Melgueiro, e outro sobre as explorações procurando a Passagem do Nordeste antes de 1660, vamos neste abordar a cartografia disponível à época da possível viagem de Melgueiro.

Por volta de 1490, o cartógrafo alemão Henricus Martellus produziu um mapa do Mundo conhecido até então, visível na primeira imagem abaixo, onde é visível uma faixa de água no norte do continente asiático, indiciando assim a possibilidade da existência de uma passagem do Nordeste. Martellus produziu ainda mais mapas, visíveis neste link. No início do século XVI, em 1507, o cartógrafo alemão Martin Waldseemüller produziu um mapa do Mundo contorverso. Uma análise detalhada da sua obra pode ser consultada aqui. No segundo mapa visível abaixo (retirado daqui), pode ver-se como também é dada a possibilidade de existência da Passagem do Nordeste.



Qualquer um destes mapas, bem como os de Martin Behaim, ao serviço de Portugal na altura, sofrem todavia fortes influência de Ptolemeu, e da sua obra Geographia.

Particularmente relevante neste domínio foram os mapas do cartógrafo Gerardus Mercator. Em 1569 produziu um mapa (imagem abaixo retirada daqui; maior detalhe aqui) com a sua projecção. Embora com notáveis erros em determinados locais do globo, o contorno do norte da Ásia revela-se aproximado com o real, excepto sobretudo na região mais a este da Sibéria. A Passagem do Nordeste é dada como um facto:


Em 1570, Abraham Ortelius, encorajado por Mercator, compilou o primeiro atlas moderno do Mundo, Theatrum Orbis Terrarum. Como se pode observar na imagem seguinte, também aqui toda a costa norte da Ásia é dada como navegável:


Na Biblioteca Nacional da Rússia encontramos mais uns mapas importantes. O primeiro mapa abaixo (imagem retirada daqui), de Abraham Ortelius, é dado como sendo de 1570, mas noutra fonte é dado como sendo de 1584. No mapa é perfeitamente visível o estreito de Anian, e é clara a possibilidade de contornar a Sibéria pelo norte. O segundo mapa, de Jodocus Hondius, de 1600, é baseado no mapa de Mercator de 1569, incorporando a expedição de Barents de 1595-1597. O terceiro mapa, de Hessel Gerritsz, é de 1613, e mapeia a Rússia, e a sua costa norte, incluindo também Novaya Zemlya. Pormenor importante sobre esta sequência é o facto de todos estes mapas serem feitos por Holandeses, ao serviço dos quais Melgueiro se encontrava.



Ainda antes da viagem de Melgueiro, há a destacar o trabalho do cartógrafo Willem Blaeu. Também ele um holandês, foi em 1633 nomeado cartógrafo oficial da Companhia Holandesa das Índias Orientais. Em 1635 produziu o Nova totius terrarum orbis geographica ac hydrographica tabula, visível abaixo:


Note-se como este mapa é muito mais real que o de Mercator e Ortelius. Blaeu produziu posteriormente mapas mais detalhados, também fruto do seu trabalho na Companhia. Na primeira das imagens abaixo (duas primeiras imagens retiradas daqui), de 1638, vemos em grande detalhe a costa norte da Rússia. Na segunda imagem, num mapa de 1640, podemos observar toda a extensão do mar Árctico. No terceiro mapa (imagem retirada daqui), também de 1638, podemos observar o extremo este do continente asiático, com mais alguns detalhes que os mapas anteriores.


O mistério envolvendo estes mapas, bem como outros, é abordada de forma interessante neste artigo. Em qualquer caso, é seguro dizer-se que David Melgueiro teria acesso a esta informação quando terá eventualmente efectuado a Passagem do Nordeste, em 1660.

Nota: Este post foi integrado numa página onde se relata toda a investigação efectuada sobre David Melgueiro: ecotretas.blogspot.com/p/david-melgueiro.html

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Biodiesel custou 70 milhões em 2011

Há todas e mais algumas razões para perceber que os biocombustíveis estão a ser uma gigantesca fraude! Há um ano prognosticavamos que o gasóleo estaria a 3.50 € em 2020 por via da subida relativa aos biocombustíveis. A previsão vai no sentido correcto, acelerada também pela subida do preço do petróleo...

Ontem, o Jornal de Negócios revelou que o custo de incorporar biocombustíveis no gasóleo triplicou no ano passado. A Autoridade da Concorrência estimou que os encargos para os primeiros três trimestres de 2011 foram de cerca de 53.9 milhões de euros, o que projectado para o total do ano, e com um desconto por via da queda do consumo, coloca o encargo anual, da medida estúpida, em 70 milhões de euros!

Esta incorporação do biodiesel nos combustíveis resulta de imposições comunitárias. Mas, como somos mais papistas que o Papa, em vez dos 5% a que estavamos obrigados (Decreto-Lei nº 117/2010, alterado recentemente pelo Decreto-Lei nº 6/2012), incorporamos quase 7%, segundo dados da APPB (Associação Portuguesa de Produtores de Biocombustíveis). Ou seja, estamos a alimentar determinadas empresas, como a Iberol, Fábrica Torrejana, Prio (Grupo Martifer), Biovegetal (Grupo SGC) e Sovena (Grupo Nutrinveste). E se ainda estivessemos a alimentar os nossos agricultores, eu até daria o benefício da dúvida, mas não me parece que seja esse o caso, como este artigo indicia. Dados mais concretos, como deste documento do LNEG, referem que para 2007, apenas 3% dos óleos vegetais foram de produção doméstica! Não admira que haja tanto secretismo à volta desta matéria!

Felizmente, os Estados Unidos acabaram com a subsidiação à produção de etanol. Infelizmente, há deturpações ainda mais estúpidas! Ainda assim, estamos no bom caminho, até porque pela primeira vez em 10 anos, a produção mundial de biocombustível desceu em 2011.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Vem aí o Arrefecimento Global!

Todos nós Portugueses temos experimentado o frio dos últimos tempos, embora o sol durante o dia seja enganador. Na Europa central, a queda de neve tem sido épica. Isso era há duas semanas, mas agora os Alpes levaram com outra carga! No Brasil, o nosso conhecido blog Ciência Alternativa descreve-nos o desastre do Verão do hemisfério Sul. No Canadá, a neve não pára e até as escolas têm que fechar! Na Sibéria, o frio extremo não é de estranhar, mas eles resolveram exportar algum para os países mais a sul. No Japão, a queda de neve é brutal. No Alaska, os quebra-gelos praticamente não dão conta dos recados... Mais a sul, na costa oeste dos Estados Unidos a neve caiu em grandes quantidades, e na Florida, estava tudo gelado há umas semanas. Até nevou no deserto do Saara!

Alguém detecta aqui algum padrão? Vejam o gráfico abaixo (visível aqui), que descreve as temperaturas observadas pelo satélite AQUA, na sua altitude mais baixa, nos últimos dez anos. Estão a ver onde estão as temperaturas medidas pelo satélite? Em mínimos absolutos!


Mas há mais! O pior ainda deve estar para vir. Vejam por exemplo, no gráfico abaixo (retirado daqui), a previsão da anomalia da temperatura, para os próximos dias, para a Europa inteira. Nada como uma boa dose de Arrefecimento Global, para arrefecer o ânimo de todos aqueles que nos andaram a enganar ao longo dos últimos anos:


Mas, os cientistas estão a sair da casca. Agora, parece que vem aí o Arrefecimento Global. As previsões dos ciclos solares são de arrepiar! Os próximos tempos vão ser realmente muito giros... A discussão segue no Watts Up With That, que se antecipou uns minutos...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A Passagem do Nordeste antes de David Melgueiro

Depois do artigo inicial sobre David Melgueiro, iremos neste reflectir sobre o conhecimento disponível à época. Foram várias as expedições procurando a Passagem do Nordeste, e sobre muitas delas pouco reza a História. Para enquadrar a possibilidade da verdadeira realização da viagem de Melgueiro, é preciso perceber o que o precedeu.

Começaremos pelo norte da Rússia, onde os Pomors chegaram aos mares do Norte durante o século doze, através dos estuários de Dvina/Norte e Onega. Da sua base de Kola, exploraram todo o mar de Barents, incluindo Spitsbergen e Novaya Zemlya. Mais tarde, os Pomors descobriram e mantiveram a Passagem do Nordeste entre Arkhangelsk e a Siberia. Com os seus navios, designados koch, especializados para a navegação nas díficeis condições do Árctico, os Pomors atingiram locais longínquos da Sibéria, como Mangazeya, a este da penínusula de Yamal. Neste excelente documento de Nataly Marchenko, encontramos uma mapa alusivo às navegações dos Pomor:


No início do século XVII, nos três meses de Verão, o transporte de mercadorias através de barco era frenética. O desaparecimento de Mangazeya ficou sobretudo a dever-se a razões políticas, pois em 1619 foi punida com a pena de morte quem negociasse na região, depois de em anos anteriores o volume de trocas comerciais aí ter superado o de toda a Rússia, sem que esta conseguisse aí cobrar impostos... Curiosamente, Mangazeya foi devastada por um fogo em 1662, que levou à sua evacuação, tendo sido redescoberta em 1967. Mais informação sobre Mangazeya pode ser vista neste documento, em russo.

Entretanto, em Roma, o diplomata Dmitry Gerasimov, em 1525, avançara com uma possível ligação entre o Atlântico e o Pacífico. Em 1553, Hugh Willoughby, comandou três navios, com o piloto Richard Chancellor, em busca da passagem do Nordeste. Os navios foram separados por ventos fortes, e enquanto Willoughby aportou a uma baía próxima da actual fronteira entre a Finlândia e a Rússia, tendo morrido durante o Inverno, Chancellor conseguiu atingir o Mar Branco, e daí regressar a Moscovo por terra. Mais tarde, Chancellor conseguirá descobrir o que aconteceu a Willoughby, recuperar alguma da sua documentação, e nela encontrar referências a Novaya Zemlya. Entretanto, Steven Borough, que também participara na expedição de Willoughby, numa segunda expedição em 1556, descobriu o estreito de Kara, mas teve que voltar para trás, em função do gelo. Um século antes de Melgueiro, Borough passou o Inverno em Kholmogory, no Mar Branco.

Willem Barentsz, navegador holandês, foi o explorador que mais activamente procurou a Passagem do Nordeste, no final do século XVI. Na sua primeira viagem, em 1594, conseguiu atingir a costa oeste de Novaya Zemlya, mas teve que voltar para trás por causa do gelo. No ano seguinte, Barentsz fez a sua segunda tentativa, mas perante um mar de Kara gelado, foi obrigado a voltar atrás, tendo a expedição sido considerada um fracasso.

Na terceira e última viagem, na qual viria a morrer, Barentsz começou por descobrir Spitsbergen, donde prosseguiu para Novaya Zemlya. Quase na ponta norte da ilha tiveram que passar o Inverno seguinte, tendo sido construída uma cabana. No Verão seguinte regressaram para Sul, mas entretanto Barentsz morreu no regresso. Uma boa descrição desta viagem está disponível no livro The North-west and North-east passages 1576-1611, de Philip Alexander.

Os holandeses foram dos mais activos na procura da Passagem do Nordeste. Note-se que este é um factor que importa na equação da viagem de Melgueiro, uma vez que o Pai Eterno, no qual terá efectuado a Passagem do Nordeste, era um navio holandês. Ainda antes de Barentsz, Olivier Brunel tentou em 1584 encontrar a rota para leste pelo norte. No início do século XVII, vários navegadores ao serviço da Companhia Holandesa das Índias Orientais procuraram activamente a passagem, nomeadamente Henry Hudson.

Segundo Leonid Sverdlov, Membro da Sociedade Geográfica Russa, existirá evidência de que um empreendimento comercial terá partido de Ob ou Yenisey, e contornado o Cabo de Chelyuskin, a ponta mais a norte da Ásia, tão cedo quanto 1617-1620. Achados arqueológicos de 1940-1945 no golfo de Sim e na ilha de Faddeyevsky parecem servir de evidência para tal empreendimento. Aliás, à ilha de Faddeyevsky está associada "Kettle Island", oficialmente descoberta em 1773 pelos russos Ivan Lyakhov e Protod’yakonov, e que deram o nome à ilha por nela terem encontrado uma chaleira de cobre. Quem aí a deixou continua hoje a ser um mistério...

Em 1648 Semyon Dezhnyov tornou-se o primeiro europeu a passar o estreito de Bering, ou de Anian, como era conhecido anteriormente. Na companhia de Fedot Alekseyev, Andreev e Afstaf’iev, navegaram pelo rio Kolyma até ao Oceano Árctico, contornaram a península de Chukchi, até ao rio Anadyr, já no Pacífico. A descoberta não teve grande divulgação, tendo mesmo sido alvo de desacreditação. Ainda segundo a lenda, alguns dos barcos da expedição terão sido desviados para o Alaska, mas nenhuma evidência existe, para além do desaparecimento de grande parte da expedição, dado que apenas o barco de Dezhnyov, um de sete, chegou ao Anadyr.

Ainda na primeira metade do século XVII destacaram-se os exploradores russos Mikhail Stadukhin, Ilya Perfilyev, Ivan Rebrov, Elisei Buza, Poznik Ivanov e Dimitry Zyryan, que exploraram as zonas dos rios Yana, Indigirka e Kolyma. Destaque também para Kurbat Ivanov, que em 1660 (mesmo ano da partida de Melgueiro) partiu da baía de Anadyr para o Cabo Dezhnyov. Na sequência desta viagem Ivanov criou um mapa de Chukotka e do estreito de Bering.

Nota: Este post foi integrado numa página onde se relata toda a investigação efectuada sobre David Melgueiro: ecotretas.blogspot.com/p/david-melgueiro.html

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O Canadá é que sabe!

O Canadá é definitivamente um País na vanguarda da luta contra o alarmismo climático. Depois do abandono do protocolo de Kyoto, o Ministro do Ambiente canadiano, Peter Kent, começou a livrar-se do excesso de ciência da treta, despedindo no processo 60 cientistas. Ainda não se sabe exactamente em que domínios operam, mas não deve ser difícil imaginar...

Entretanto, a Religião da treta tenta vingar-se dos seus, e contribui para a escalada da estupidez global neste domínio. Segundo a NASA, e o seu cientista Duane Walliser, é justamente no Canadá que se vão verificar das maiores alterações ecológicas massivas, lá para 2100... O mais interessante é que essas alterações massivas se vão verificar no local onde mais dói aos alarmistas: onde os Canadianos estão a extrair grandes quantidades de hidrocarbonetos. Até o Obama se meteu nesta guerra, mas os Canadianos já perceberam também que os Chineses estão disponíveis para receber uma fatia desses hidrocarbonetos... Outros dizem que o Canadá vai ser invadido por espécies alienígenas (preciso ler para perceber)!

É neste 8 ou 80 que estamos actualmente. De um lado, aqueles que tentam tirar partido dos seus recursos, agora e não em 2100, e que lutam contra aqueles que só querem que voltemos à Idade Média... Felizmente, os políticos começam a ganhar juízo, e a perder o medo à Religião Verde... Por cá é que ainda demora!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Apeadeiros e Estações inundadas pela barragem do Tua

Uma das questões frequentes que envolve a construção da barragem de Foz Tua (recentemente abordada aqui), é a submersão de cerca de 16 Km de linha férrea da linha do Tua (ver alguns dados da linha aqui). Tal vai provocar o encerramento de 5 apeadeiros/estações, o que parece uma tragédia. Mas quem já passou por lá sabe que aquelas paragens não servem a absolutamente ninguém! Para o provar, vamos analisá-las uma a uma.

A primeira a partir da foz do Tua é o apeadeiro de Tralhariz. Como se pode ver no Google Maps, não há absolutamente nada por perto! Não há estrada ou caminho que chegue ao apeadeiro, com a aldeia mais próxima a bem mais de um quilómetro a caminhar! As imagens disponíveis na Internet confirmam o desinteresse absoluto do apeadeiro, como podem ver na imagem seguinte, retirada daqui:


A seguir vem Castanheiro. Podem confirmar outra vez no Google Maps como não há vivalma próxima. Mas chega lá um caminho de cabras. As imagens voltam a confirmar o evidente, como podem ver abaixo, retirado deste site com muitas fotos da linha do Tua:


Depois de Castanheiro, segue-se a estação de Santa Luzia. Esta é uma das mais emblemáticas de todas! Como podem ver no Google Maps, o nome que o Google dá à estação (São Lourenço) está errado. Aliás, o Google sugere que há uma estrada que atravessa o Tua, mas desenganem-se: não há lá nada desde finais de 2002... Nessa altura caiu uma ponte que havia sido construída em 1985. O que há é uma aldeia do outro lado do rio, Amieiro, de onde dantes era possível atravessar o Tua com um teleférico... Na primeira imagem abaixo podemos ver a estação do outro lado do rio Tua, e na segunda os cabos do teleférico, ambas retiradas deste site:


A seguir é o apeadeiro de São Lourenço. No Google Maps vemos que não há muito mais que uma dúzia de habitações, algumas numas ruínas evidentes. O apeadeiro foi demolido em 1995, conforme a imagem abaixo demonstra (retirada daqui), mas entretanto reconstruído:


O último dos apeadeiros a ser inundado pela barragem de Foz Tua é o do Tralhão. Mais uma vez, no Google Maps, não se vislumbra uma habitação próxima! Descobrir uma fotografia do sítio é igualmente difícil, mas neste site, descobri a foto abaixo:


Enfim, estão todos a ver o enorme interesse, para as populações, dos apeadeiros e estações, que vão ser inundadas pela barragem do Tua?

Votação final do Blogs do Ano 2011

Há uma semana referenciava a votação para a primeira fase da votação que o Aventar.eu está a organizar dum concurso de blogs com o objectivo de promover e divulgar o que de mais interessante se faz na blogosfera portuguesa e de língua portuguesa. Os leitores do Ecotretas foram generosos, conferindo o seu voto a este blog, que se posicionou na segunda posição, com 148 votos. Ficou muito perto da primeira posição, a apenas seis votos de distância!

Agora, decorre a votação final, que decorrerá durante esta semana. Estou certo que os leitores nos darão o seu voto aqui, na categoria Natureza. Mas como os outros concorrentes são igualmente muito interessantes, não deixem de os visitar também. Aliás, abaixo deixo o link directo para eles, porque são blogs que têm uma abordagem não alarmista das questões da Natureza:

domingo, 22 de janeiro de 2012

Dragar os recursos públicos

Os políticos de esquerda gostam de defender o transporte público, e estão sempre dispostos a defender os interesses dos seus príncipes, e a incentivá-los a fazer greves.

Mas uma coisa é o que é suposto nós fazermos. Outra coisa é o que fazem os políticos da esquerda ecosocialista. O Correio da Manhã de hoje relata o grande exemplo da deputada do Bloco de Esquerda, Ana Drago, que não tem carro nem carta. Vai daí, e numa acção de endoutrinação dos nossos jovens, o Parlamento dos Jovens, deslocou-se a Guimarães de carro e chauffer, tudo à nossa custa!

A página do Parlamento diz que a acção até terá sido em Braga, na EB João de Meira, mas para o efeito é a mesma coisa. Quanto mais pequeninos, melhor se torcem os pepinos. E tanto faz Braga como Guimarães, porque ambas as cidades são bem servidas pela CP. No caso de Guimarães há 9 horários ao longo das segundas-feiras, com Alfa Pendular até ao Porto, e serviço urbano até Guimarães. No caso de Braga, a oferta é ainda maior, incluindo quatro Alfas Pendulares directos! Porque não fazem eles o que defendem, e utilizam os transportes públicos???

Actualização: Obviamente esta análise vai ser percepcionada mesmo pelas melancias. Vejam este exemplo do Ambio...
Actualização II: Alertado por um leitor, reformulei o texto, porque os Alfas Pendulares não são directos para Guimarães, e só alguns o são para Braga.
Actualização III: A referência no site do Parlamento a Braga deve estar errada, porque todas as referências a uma escola intitulada "João de Meira" remetem efectivamente para Guimarães.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Golpada no Solar da Alemanha

Já por várias vezes me referi aqui à estupidez da política verde dos Alemães. A sua aposta na energia solar é enorme, mas num país que não tem muito Sol, essa aposta é uma grande estupidez! Agora, chegou a altura de fazer contas...

P. Gosselin, num post de ontem, evidencia bem a insustentabilidade da situação. Parece que a Merkel e companhia perceberam que nem a Alemanha tem tanto dinheiro para sustentar a brincadeira. A Siemens calculou que a opção de abandono do nuclear vai-lhes custar 1.7 triliões de euros! Para isso muito contribuem os custos de suporte da energia solar, que tem subido exponencialmente, conforme se pode ver na imagem acima, retirada deste artigo do Spiegel.

Obviamente o resultado desta política tem sido a de uma subida extraordinária dos preços da electricidade. Mas agora que as empresas estão a abandonar o País, o corte nas tarifas feed-in solares vai ser radical! Até 2017 vão desaparecer, quando era suposto durarem 20 anos... As acções solares já vão a caminho do abismo, onde nós já estamos, porque fomos um dos que copiamos o modelo, mas ficamos sem dinheiro primeiro...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Cheias de Novembro de 1967

Sempre que se fala em cheias, nos anos mais recentes, a culpa é do Aquecimento Global, Alterações Climáticas, ou da mais recente teoria dos fenómenos extremos... O problema dos abutres climáticos é que, ou são novos demais, ou já não se lembram dos eventos de antigamente...

É por isso que é cada vez mais importante reportar os fenómenos extremos do passado. Como o foram as cheias de Novembro de 1967. Como o recorda J. Alveirinho Dias, da Universidade do Algarve, nesta página:

Na noite de 25 para 26 de Novembro de 1967 registou-se, na região de Lisboa, precipitação intensa e concentrada, tendo atingido, na estação de São Julião do Tojal, no concelho de Loures, 111mm em apenas 5 horas (entre as 19h e as 24 h do dia 25). As estações da região de Lisboa registaram, nesta data, cerca de um quinto do total da precipitação anual.

Tal precipitação excepcional, cujo período de retorno está estimado em de 500 anos, provocaram a ocorrência de uma cheia repentina com duração inferior a 12 horas.

As consequências foram dramáticas, como se pode aferir pela imagem acima, mas sobretudo por esta descrição:

A situação na região de Lisboa tornou-se completamente caótica. As cheias destrutivas causaram a morte de 462 pessoas e desalojaram ou afectaram cerca de 1100, submergindo centenas de casas e infra-estruturas num rio de lamas e pedras. Todavia, permanecem muitas dúvidas sobre a dimensão deste evento, designadamente no que se refere ao número de vítimas mortais, pois que o regime político da altura nunca permitiu apurar as verdadeiras consequências desta catástrofe. Algumas estimativas apontam para prejuízos da ordem dos 3 milhões de dólares a preços da época.

Outra boa fonte de informação está no meteopt.com. Impressionante mesmo é o relato do Comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Odivelas, Fernando de Oliveira Aleixo, que refere alguns esforços heróicos dos bombeiros e que contribuíram para salvar muitas pessoas.

Da próxima vez que ouvirem falar de uma cheia fenomenal em Portugal, comparem-na com esta.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A República da Impunidade

Um leitor enviou-me um link para uma reportagem aterradora sobre a realidade da doença das vacas loucas em Portugal. A reportagem tem a marca do jornalista Rui Araújo, que já conhecemos das reportagens A Máfia Lusitana e O estado do crime. Enquanto os ecologistas andam a pensar no CO2, e a nossa Ministra nas gravatas, e a não pagar trabalho efectuado neste domínio das vacas loucas, felizmente há quem ande no terreno a evidenciar o que de mau se faz neste País. Vejam, e tirem as V/ conclusões:

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Calçada portuguesa é sumidouro de carbono

Um amigo enviou-me uma sugestão engraçada para valorizar o nosso património cultural. Com o tema do Fado e do Alto Douro Vinhateiro na moda, esta proposta só tem uns problemazinhos: é que é um pouco complexa, porque envolve umas fórmulas de química simples e também porque o preço do carbono continua em queda livre... E depois, o esquema seria rapidamente subvertido, como já evidenciei neste artigo anterior.

Atendendo a que o Fado já é Património da Humanidade (imaterial), eu iria propor que Lisboa aproveitasse a onda favorável e propusesse também a calçada portuguesa para património da humanidade (material), porquê?:
1 - A calçada Portuguesa é um ótimo sequestrador de carbono e de dióxido de carbono, pois sendo formada essencialmente por CaCO3 (carbonato de cálcio) tem uma proporção de cerca de 46% de CO2 em peso (CaCO2+O2 = 44/(40+44+12));
2 - A UE, a ONU e Durban andam desesperadamente à procura de sumidouros de CO2, aqui está a solução;
3 - A CMLisbos receberia dinheiro por cada tonelada de calçada colocada, sendo uma forma de saldar dívidas e pensar em futuros superavit. Note-se que a 20€/ton de CO2, cada tonelada de calçada teria uma subvenção por serviços prestados de 9,2€/tonelada.
4 - Lisboa com esta receita teria concerteza outra pinta e subiria no ranking mundial de cidades atractivas;
5 - Lisboa poderia utilizar argumentos persuasivos tais como: se não atribuirem o dito galardão ameaça queimar a calçada portuguesa e pôr Lisboa em "cal viva".

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A dívida da EDP

Pinto de Sá equacionou, neste artigo do seu blog, porque a recente privatização de parte significativa da EDP, aos chineses da Three Gorges não foi o sucesso que os Media apontam. Pinto de Sá tem toda a razão quando refere que a EDP desinvestiu quase totalmente da I&D nacional, e isso é claro na área das barragens, onde se perdeu na última década um conjunto enorme de experiência nesse domínio, e noutras áreas, onde a I&D nacional foi preterida claramente em detrimento da estrangeira. Esse é o caso notório do recente exemplo do Windfloat.

Mas o que realmente sobressai no caso da EDP, como Pinto de Sá afirma, é a sua dívida! Recordemos o que relatara neste artigo de 2010:

Depois há as dívidas. Em 2008 a dívida subiu 18.8% e os custos com juros disparam 33%, para um gasto total de 721,8 milhões de euros no pagamento de juros. Para este ano, prevê-se que a dívida da EDP vai superar os 15 mil milhões de euros este ano, um crescimento acima dos 7% face ao nível do final de 2009. Considerando o total do Universo EDP, a dívida subiu de 14661 milhões de euros em 2008, para 16127 milhões de euros em 2009, uma subida de 10%! A maturidade da dívida subiu, perdendo-se assim o efeito das baixas taxas de juro no curto prazo; mas que se lixe, alguém que não a gestão actual há-de pagar! Perante esta gestão, a S&P reviu o outlook de estável para negativo, enquanto a Moody baixou o rating da EDP de ‘A2/Neg’ para ‘A3’. Mas isso aconteceu em tempos em que ainda ninguém sabia muito bem o que isso era!

De lá para cá, a dívida tem obviamente continuado a subir! Há um ano já se contabilizava em 17 mil milhões. Segundo os resultados do 3º trimestre de 2011, a dívida financeira total atingia os 18.337 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 2% nos primeiros nove meses do ano. Agora, uma pergunta simples: sabem quem vai pagar esta dívida? Os Chineses? Nããã! Os consumidores e contribuintes...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

David Melgueiro

Também eu desconhecia a existência de David Melgueiro. O seu nome foi-me passado pelo leitor habitual, Jorge Oliveira, há mais de um ano atrás. Para quem gosta tanto de História como o Ecotretas, o desenterrar da história deste navegador português do século XVII tem sido um desafio muito interessante. Lancei o repto a algumas pessoas importantes da História em Portugal, mas preferiram ignorar-me. Por isso, percorri este caminho sozinho. Este é apenas o primeiro de vários posts sobre Melgueiro; no post final colocarei informação que permitirá possivelmente equacionar uma maior probabilidade da sua viagem!

David Melgueiro terá sido o primeiro a navegar a passagem do nordeste, entre 1660 e 1662, mais de 200 anos antes de Adolf Erik Nordenskjöld, quem comprovadamente a efectuou em 1878. Um dos relatos mais detalhados desta viagem é dado por Eduardo Brazão, em Os Corte Reais e o Novo Mundo, de 1965, em que descreve nas páginas 68 e 69:

(...)(*) No entanto é interessante aqui apontar a imaginária, como supomos, viagem do nosso Melgueiro, em que se acreditou durante bastante tempo. Oiçamos, sobre o assunto, DUARTE LEITE (ob. cit., vol. II, pág 261 e seg.):

«Nos fins do século XVIII achava-se em Portugal o tenente da marinha francesa La Madeleine, encarregado pelo seu ministro, conde Luis de Pontchartrain, de se informar das navegações e comércio dos portugueses no Oriente. No decurso da sua missão soube, por um marinheiro do Havre residente no Porto, duma extraordinária navegação do Japão a Portugal, feita por um português pessoalmente conhecido do marinheiro francês. Em Janeiro de 1700 comunicou as informações dele obtidas ao seu ministro, que as mandou arquivar: elas foram reproduzidas numa memória de 1754 pelo francês Filipe Buache, distinto geógrafo régio de Luis XV.

Contou o marinheiro francês que a 14 de Março de 1660 estava prestes a partir do porto japonês de Cangoxima o veleiro holandês Padre Eterno, ao comando do português David Melgueiro, carregado de ricas mercadorias orientais e de passageiros holandeses e espanhóis, talvez mesmo de portugueses, visto como já no século passado tinham entrado no império nipónico. Ao tempo a Europa deflagrava em guerras, da Holanda com a França, a Espanha e Portugal, da Espanha com a Inglaterra, aliada de Portugal, que lutava pela sua independência: o Atlântico e os mares orientais estavam infestados de navios armados em guerra, aos quais se juntavam os empenhados no corso. Era quase certa a captura do Padre Eterno, se tentasse regressar à Europa pela única via até então utilizada do cabo da Boa Esperança, de sorte que Melgueiro resolveu arriscar-se à que lhe restava, pelos mares glaciais que circundam o velho continente. Tomou pois pela corrente que banha as costas orientais do Japão e segue até o estreito de Anian-Bering, contornou o extremo da Sibéria ao longo de cujo litoral velejou, presumivelmente muito pelo largo, pois não o conhecia: atingia a elevada latitude de 84º N. passou entre a Gronelândia e o arquipélago de Spitzberg, e singrou ao lado da Noruega, donde deu a volta a barlavento da Irlanda e foi ter a um porto da Holanda, onde depôs os passageiros e as respectivas mercadorias. Cumprida, felizmente, a sua missão, partiu no Padre Eterno para o Porto, com açúcar e vinho recebido em escalas, terminando a sua longa e aventurosa viagem em data desconhecida; e nessa cidade morreu, pouco depois de 1673, tendo o marinheiro de Havre assistido ao seu enterro.

À sua memória de 1754, juntou Buache a cópia dum mapa português datado de 1649, dum tal Teixeira, que examinou no arquivo da marinha francesa, no qual traçou o itinerário que julgou ter sido o de Melgueiro: ele segue do Japão pelo estreito de Anian-Bering até o extremo da Sibéria, depois tanto pelo largo que ultrapassa o pólo e vem passar entre as ilhas da Gronelândia e de Spitzberg, e ladeando a Irlanda corre para as costas europeias».

Ora este projecto é hoje considerado impossível, mas o erudito e diplomata Jaime Batalha Reis, em 1897, dava-lhe nova nova forma (O Comércio do Porto, de 3 de Fev. desse ano, estudo reeditado na colectânea póstuma do escritor, Lisboa 1941).

No entanto, recentemente, Teixeira da Mota conseguiu identificar o cartógrafo mencionado (Portugaliae Monumento Cartographiea, vol. IV), havendo a possibilidade, até aqui improvável, de, realmente, La Madeleine ter visto em França um mapa português de 1649 dum cartógrafo de nome Teixeira. Mas falta averiguar se realmente, na data que se apontou, saiu de Cangoxima um veleiro holandês de nome Padre Eterno; e ainda, acima de tudo, se houve algum português com o nome, que não parece nosso, de David Melgueiro ou talvez melhor Melguer.

O problema fica ainda arquivado na estante vasta das fantasias históricas.

Este livro tem uma versão inglesa, sendo que há também a versão francesa do livro, que está disponível online aqui.

A leitura do texto de Brazão, remete indirectamente para o texto de Philippe Buache, um geógrafo francês. Os escritos originais de Philippe Buache, em "Considérations géographiques et physiques sur les nouvelles découvertes au Nord de la grande mer", de 1753, estão disponíveis aqui. A parte interessante relativa a Melgueiro está entre as páginas 137 e 139...

Nota: Este post foi integrado numa página onde se relata toda a investigação efectuada sobre David Melgueiro: ecotretas.blogspot.com/p/david-melgueiro.html

domingo, 15 de janeiro de 2012

Blogs do ano 2011

O Aventar.eu está a organizar um concurso de blogs com o objectivo de promover e divulgar o que de mais interessante se faz na blogosfera portuguesa e de língua portuguesa. O Ecotretas louva a ideia e inscreveu-se...

O concurso encontra-se na primeira eliminatória, até 21 de Janeiro. O Ecotretas convida à participação dos seus leitores neste exercício interessante. Se entenderem que o Ecotretas merece o V/ voto, não deixem de o dar na categoria Natureza, bem como a outros blogs amigos, que concorrem noutras categorias.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Mais dados sobre a Linha do Tua

Depois do nosso último post sobre a barragem/linha do Tua, recebi mais um conjunto de mensagens, a maioria delas implicando com os meus conhecimentos da realidade da linha do Tua. Todavia, hoje em dia, é fácil perceber o que está a acontecer através da Internet. E apesar dos dados serem filtrados, muitas vezes pelas entidades locais, a Verdade vem sempre à tona...

O nosso conhecido Daniel Conde não gosta de revelar os verdadeiros dados sobre a linha do Tua e o Metro de Mirandela, do qual é funcionário. Mas ele é o editor do Blogue oficial do Metro de Mirandela. Aí se confirma como o Metro de Mirandela é essencialmente um transporte para alunos:

No último ano lectivo, o Metro de Mirandela serviu com orgulho como transportadora para dezenas de milhares de estudantes, tanto no eixo Tua - Mirandela, como no eixo Mirandela - Carvalhais.

Para aqueles que dizem que o transporte ferroviário é mais amigo do ambiente, pensem igualmente duas vezes! As locomotivas utilizadas no Metro de Mirandela são a diesel, e portanto nada mais eficientes que um simples autocarro!

Igualmente interessante é olhar para os horários da linha do Tua, no site da CP. Note-se que tipo de serviço a CP presta (realces da minha responsabilidade):

A - Os percursos Tua - Cachão - Tua e Ribeirinha - Cachão - Ribeirinha são efectuados por táxi.
As paragens em Brunheda, Abreiro e Vilarinho efectuam-se no cruzamento da Estrada Nacional para a estação.
As paragens em Castanheiro, São Lourenço, Tralhão, Codeçais e Ribeirinha efectuam-se respectivamente em Castanheiro do Norte, Pombal, Pinhal do Norte, Codeçais e Ribeirinha.

O percurso entre o Porto e Mirandela leva 5 horas e meia durante o dia, e 5 horas à noite! No sentido contrário o tempo é ligeiramente inferior. Comparem com os tempos de autocarro: cerca de duas horas e meia, mas de apenas duas horas para os directos! Com muitos mais horários! Mas quem é que no seu perfeito juízo vai do Porto para Mirandela de comboio/taxi, sabendo que vai demorar o dobro do tempo, mais de duas horas a mais???

E quanto é que custa a viagem de taxi? É só consultar a tabela de preços da CP, para perceber que o custo é de menos de 5 euros entre a estação do Tua e Mirandela! São mais de 60 quilómetros! Quem me dera que a CP tivesse um serviço público a minha casa! Mas quanto custa à CP esta brincadeira do taxi? Segundo a reportagem seguinte da RTP, a brincadeira ficava em 10500 euros/mês há um ano atrás, e ainda se explica como viajar de borla:



Adicionalmente, a segurança da linha ainda funcional deixa igualmente muito a desejar. Há um ano atrás, um acidente entre uma automotora e um automóvel chamou a atenção para os problemas constantes da sinalização, com um morador a exagerar um pouco, dizendo que "isto demora muito tempo, às vezes estamos aqui parados às duas e três horas".

Quanto mais se escava neste problema, mais se percebe que os defensores da linha do Tua, tal como está, não vivem neste Planeta! Pelo meio, continuam-se com ameaças vãs. Por isso, continuaremos a expor as evidências daquilo que está verdadeiramente em causa, por via da barragem de Foz-Tua.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Apostar no clima

Nunca fui de apostas. Mas há aqueles que gostam. No Ecotretas já relatamos algumas apostas neste domínio, que se tornaram particularmente famosas. A mais famosa, sem dúvidas, foi entre Julian Simon e Paul Ehrlich. Também relatei os resultados da aposta entre Matthew Simmons e John Tierney, e fui envolvido numa meia aposta com Miguel Madeira, que ele perdeu (eu não ganhei nada). As apostas são assim: só ganha/perde quem aposta...

Vem isto a propósito de mais uma aposta no clima. David Whitehouse e James Annan apostaram em 2007 sobre a evolução das temperaturas. Neste artigo, o vencedor David Whitehouse conta como ganhou mais uma aposta imbecil de um alarmista viciado nisto das apostas... Tudo isto com a promoção da alarmista BBC, que transmitiu hoje o resultado.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Você é um verde otário?

Um leitor enviou-me um link para um artigo muito divertido de um blog brasileiro. Depois de ver esse, rapidamente atingi outro e outro post desse mesmo blog. Daí retirei referências para dois vídeos muito interessantes:


Depois, consegui atingir rapidamente mais notícias engraçadas sobre as malditas sacolas plásticas... De todas elas, fiquei surpreendido com este artigo, onde se demonstra que os sacos de plástico são afinal os mais amigos do ambiente. Nesse artigo referenciava-se um estudo muito interessante que documenta essas conclusões.

Agora que os brasileiros vão ficar sem as imprescindíveis sacolas de plástico, é que se começam a perceber que toda a argumentação é uma monumental fraude. Para além da maior contaminação que vão provocar, e que já havíamos referido aqui, há todo um conjunto de interesses envolvidos... Na verdade, aqueles que fabricam os novos sacos, como os do Vietname, no primeiro filme... Enfim, eu não sou um verde otário... E você?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Épica queda de neve nos Alpes

Confesso que isto me ultrapassou. Tinha ouvido falar de umas tempestades de neve na Europa, mas já sabemos como são os Media: há que esconder a todo o custo o Arrefecimento Global! Por isso, quando tropecei nesta notícia de hoje do Telegraph, não pude deixar de sorrir! E fui ao meu site de eleição da neve, skiinfo.com, e deparo-me com a notícia da queda épica de neve nos Alpes!

Segundo esta última notícia, no último mês há regiões dos Alpes que acumularam quase 6 metros de neve! Algumas estâncias dizem que este é já o Janeiro com mais neve em 60 anos! Como o EU Referendum nota, isto não pode estar a acontecer! Isto não pode estar a afectar mais partes do Planeta... Por isso, como os Media não gostam destas notícias, deixo-vos as minhas três imagens preferidas desta pequena busca, para refrescarem os vossos pensamentos:


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

APREN dá chouriço; nós damos o porco

A APREN colocou hoje cá fora o seu balanço das renováveis de 2011, e que ecoou logo pelos Media... A APREN diz que as renováveis pouparam €721 milhões em importação de combustíveis. Como é habitual, não explicam como chegaram a estas contas...

Mas as contas inversas são fáceis de fazer! É só pegar nos dados da REN e combiná-los com os preços dados pela ERSE. Estes últimos são os valores médios do ano de 2011 em Novembro, pelo que certamente muito próximos dos valores finais do ano.

Começando pela eólica, podemos verificar que em 2011 foram produzidos 9005 GWh, o que a um preço médio da tarifa feed-in de 94.5 € por MWH, dá logo 850 milhões de euros! Na energia solar fotovoltaica foram produzidos 261 GWh, que multiplicados por 342 € por cada MWh, dá mais 89 milhões de euros. Na hídrica PRE foram mais 1021 GWh, que a 91.3 €/MWh representam mais 93 milhões de euros. O resto da PRE renovável é mais difícil de catalogar, mas se conseiderarmos que existiram 12853 GWh de PRE renovável, e descontando a eólica, solar e hídrica, ficamos ainda com 2566 GWh para contar. Se considerarmos o valor de 95 €/MWh dados para a cogeração renovável, então soma-se mais 244 milhões de euros.

Ou seja, toda a PRE somadinha dá a módica quantia de 1277 milhões de euros de custos. E a APREN diz-nos que poupamos 721 milhões??? Pois, eles dão um chouriço, e nós damos-lhes o porco... Na verdade, estas contas rápidas demonstram um sobrecusto das renováveis de cerca de 556 milhões de euros, um valor que se aproxima do valor que o Ecotretas havia previsto para 2011, superando por uma margem maior a previsão que a EDP havia efectuado. Todavia, como a maior parte da energia eólica é produzida de madrugada, quando o custo é menor, o sobrecusto real tenderá a aproximar-se mais do valor que havia previsto em Outubro...

Notem-se mais dois aspectos interessantes: primeiro, que o custo da tarifa feed-in das eólicas subiu em 2011, ao contrário da visão dos seus defensores, que advogavam que a energia eólica estava cada vez mais barata; segundo, que a APREN definitivamente não sabe fazer bem as contas - vejam as diferenças das mesmas percentagens, quando comparadas com a análise da Quercus (eg. 17.6% vs. 17.8%, 25.1% vs. 25.4%)...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Erro trágico de António Costa Silva

Vários leitores alertaram-me para uma entrevista de António Costa Silva, presidente executivo da Partex Oil and Gas, petrolífera da Fundação Calouste Gulbenkian, ontem no Público, e que teve referência na capa do jornal mais alarmista de Portugal. O António foi já referenciado aqui no passado, e enquanto fala daquilo que sabe, mostra-se uma pessoa lúcida. Volta à carga com o desperdício que constitui o não aproveitamento do gás natural do Algarve, com a prospecção que está a ser feita ao largo de Peniche, e fala naturalmente do gás shale que está a revolucionar países como os Estados Unidos e a China, mas que tarda em chegar à Europa, e a Portugal, que misteriosamente ele nem sequer referencia, quando se sabe das nossas possibilidades de extracção desse gás.

O problema está quando Costa Silva se mete por aquilo que não domina. As duas alarmistas jornalistas do Público destacam para título do artigo a seguinte frase do presidente da Partex Oil and Gas: "É um erro trágico se o país agora destruir o cluster das energias renováveis". O erro trágico de António Costa Silva é que parece não saber fazer as contas: diz que as renováveis representam apenas 15% dos CMECs, mas esse é um valor retirado das mentiras do estudo da APREN. Mas todos sabemos que a miríade de custos de suporte das eólicas, que incluem pelo menos a garantia de potência e o custo das novas barragens, se ficam a dever ao excesso que temos de eólicas! Até o Mexia reconhece que o valor é pelo menos de 21%, pelo que sabemos que é muito maior, quando se somam todas as parcelas que lhe são imputáveis.

O António fala ainda de muitas meias verdades, e pelo que diz percebe-se que as referências a questões como as dos enormes subsídios dos combustíveis em determinados países, carros eléctricos, cimeiras do Clima, subidas dos mares, etc., são de uma pessoa que apenas debita soundbytes... Neste último aspecto revela-se a incultura científica deste personagem. Interessa perguntar-lhe quando pensa ele que o que ele diz vai acontecer (realces da minha responsabilidade)?

A maioria dos cientistas é clara quanto ao que se está a passar com o clima. Não podemos esquecer que 1/3 da população mundial vive entre o nível do mar e os nove metros do degelo da Gronelândia e da Antártida são suficientes para fazer subir o mar em seis metros. E depois na altura, fazemos o quê? Arranjamos uma jangada para salvar as coisas?

Quando os estudos dos cientistas que ele refere afirmam que a subida dos mares será no máximo de 59 cm este século, e quando se sabe que a subida está a desacelerar, e que os cientistas andam entretidos a esconder esse facto, percebe-se logo quanto valem as afirmações deste António...

Entretanto, verdadeiramente mais interessante foi a entrevista de Henrique Gomes ao Jornal de Negócios. Não está integralmente online, mas o resumo disponível não deixa margens para dúvidas:

Henrique Gomes quer cortar ganhos dos produtores eléctricos. Negociar "é uma via". Mas Estado pode tomar "uma decisão unilateral e soberana".

O secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, faz um balanço "muito positivo" dos primeiros seis meses em funções. Em entrevista ao Negócios, indica que a privatização da EDP não impedirá o Governo de tomar medidas para cortar "margens excessivas" no sector.

No resto do artigo, Henrique Gomes, faz a previsão do terramoto energético que aí vem. A energia ao serviço da economia e famílias, não pode ser como actualmente, em que a energia está por exemplo a prejudicar a indústria exportadora.... Mesmo contra a imposição dos produtores, parece que o Estado vai impor o interesse público, mesmo que sejam precisas decisões unilaterais e soberanas. E ele promete abalo até ao final do mês!

domingo, 8 de janeiro de 2012

Warme Winter

O leitor Horst Stricker enviou-nos um excerto muito interessante do livro Kalendergeschichten ("Histórias de Almanaque"), de Johann Peter Hebel. O texto original pode ser visto neste exemplar do Google Books, nas páginas 90 e 91. Horst Stricker teve ainda a amabilidade de nos traduzir o texto, que revela que também no passado existiram alterações climáticas, Aquecimento Global, e coisas que tal. Continuo aqui no Ecotretas a referenciar estas importantes notas históricas, pois os actuais alarmistas bem gostariam que elas desaparecessem. E a sonhar com um Inverno bem quentinho, coisa que nem os nossos amigos brasileiros parecem ter...

Invernos Quentes (1808)
de Johann Peter Hebel(1760-1826)

O inverno quente do ano 1806-1807 causou muita surpresa e fez bem aos pobres; e aquele e o outro, que agora saltam nos seus sapatos de criança, passado sessenta anos e agora como homem velho, sentado no banco da lareira e contando aos seus netos,que ele também uma vez era criança como eles, que no Anno 6 quando os Franceses estavam na Polónia, entre o Natal e o Ano Novo comeu morangos a apanhou violas. Tempos assim são raros, mas não fora de vulgar, assim se conta nas crónicas antigas há 700 anos, 28 anos semelhantes.

No ano 1289, em que ainda ninguém sabia de nós, era tão quente que as donzelas na altura de Natal e o Dia de Reis, enfeitaram-se com coroas feitas de violas, escovinhas e outras flores.

No ano 1420 o inverno e a primavera eram tão amenos que em Março, as árvores já tinham passado de flor. Em Abril já haviam cerejas e as videiras estavam em flor. Em Maio já haviam uvas a amadurecerem. a primavera 1807 não conseguimos elogiar coisas assim.

No inverno 1538, as meninas e os rapazes conseguiram beijarem-se no espaço verde, se não só em castidade, o calor era de tal maneira que no Natal encontrou-se tudo em flor.

No primeiro mês do ano 1572 rebentaram as árvores e em Fevereiro os pássaros estavam a chocar.

No ano 1585, na Páscoa amadureceu o centeio.

No ano 1617 e 1659 no mês de Janeiro cantaram as cotovias e os tordos.

No ano 1722 a partir de Janeiro deixou-se de aquecer as casas.

No ano 1748 foi o último e invulgar inverno quente.

Em resumo: é melhor rebentarem as árvores no dia de São Estevão (26.12.), do que ter sincelos no dia de São João.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Windfloat: mais detalhes da fraude

Já me referi, há mais de dois meses, à fraude que constitui o Windfloat. Desde então fui reunindo informação escondida através da Internet, e que revela mais sobre esta fraude/esquema. Se o projecto é assim tão interessante, seria de esperar que existisse interesse em mostrá-lo. Mas é exactamente o contrário: tudo parece ser feito para o esconder do público, para que não se descubram as Verdades Inconvenientes sobre ele.

Um dos documentos mais interessantes disponíveis na Internet é este artigo do Journal of Renewable and Sustainable Energy, de Roddier et al. Sendo um paper submetido em Janeiro de 2010, o primeiro aspecto interessante a registar é que não tem qualquer referência à EDP, e apenas uma vez se refere a Portugal. Isto apesar da assinatura de um Memorandum of Agreement quase um ano antes, com a EDP! Em vez disso, referenciam repetidamente os estudos ao largo dos Estados Unidos! Noutro documento uns meses antes, a referência a Portugal e EDP é marginal e restrita ao último parágrafo. Da equipa da EDP alocada ao projecto, nem se ouve falar...

Uma das conclusões mais importantes do estudo de Roddier et al., referenciada em pormenor na página 14 e nas Conclusões, é o facto que a distância entre o local de construção da estrutura Windfloat, e o local do parque eólico offshore, ter que ser a menor possível. Compreende-se, dado que a velocidade de reboque é muito lenta, e porque para um parque minimamente importante teriam que ser efectuadas várias dezenas de rebocamentos, naturalmente uma por cada estrutura. Por isso é fácil de perceber que não terá qualquer impacto na designada Economia do Mar de Portugal, e apenas serviria para esturricar dinheiro nosso.

O projecto também não é assim tão pioneiro quanto a EDP, e os papagaios dos Media nacionais, o querem fazer parecer. Há mais de 60 parques eólicos offshore neste momento, dos quais apenas 7 tem um gerador. Destes, apenas um tem potência inferior! Desses que têm apenas um, há um que tem um gerador de 4.5MW e outro com 5MW de potência, portanto muito melhores que a tecnologia Windfloat. Do total dos parques, apenas cerca de 10% tem carácter de demonstração, como o Windfloat, o que demonstra como não somos também pioneiros neste domínio! Uma visualização no Google Maps revela que a quase totalidade dos parques eólicos offshore se situa no norte da Europa, e no extremo Oriente, entre o Japão e a China. Para mais referências sobre as diferentes tipos de estruturas, esta é uma boa introdução.

Começam também a surgir algumas reportagens sobre a construção da Windfloat. No primeiro vídeo abaixo podemos ver uma sequência de imagens relativa à construção, enquanto no segundo vídeo se pode observar mais alguma informação complementar:


O que vai acontecer daqui para a frente também é essencialmente desconhecido. Neste documento, percebe-se que vai decorrer um período de 12 meses de monitorização, testes e optimização do protótipo. Depois desse período está prevista uma fase pré-comercial, com uma turbina de pelo menos 5MW. A fase comercial está prevista para um total de 150 MW. Continuaremos, pois, a acompanhar este elefante branco...